AMANDA COUTO
Especial para Folha
FABRICAÇÃO gera 32 empregos num só engenho
As cidades de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde são referência na produção artesanal de rapadura e mel de engenho, delícias da nossa terra que são fruto do trabalho de 40 engenhos em plena atividade. De acordo com o responsável técnico pela biofábrica do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Manuel Urbano, que auxilia essas microempresas diretamente, a situação atual dos engenhos sertanejos é resultado do plantio de variedades da cana-de-açúcar. Há quatro anos, foram inseridas quatro novas variações e, agora, mais três serão incrementadas.
Para desenvolver e testar as variedades da cana-de-açúcar, a Rede Interuniversitária para Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa) conta com a participação da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFPE), que trabalha diretamente com o IPA. “Há poucos anos esse trabalho respondeu muito bem e agora não será diferente”, garante Urbano, descrevendo que as variedades disponibilizadas recentemente são mais resistentes ao stress hídrico e com maior teor de sacarose. “Essa é uma característica fundamental para a nossa região, predominantemente seca. Muitas vezes são, também, mudas livres de pragas e doenças”, esclarece Urbano. A multiplicação das mudas é feita pelo IPA na Estação Experimental de Itapirema, em Goiana, e, em seguida, distribuída para as agriculturas familiares. Segundo Urbano, foram distribuídas 42 mil novas mudas no início do projeto. A produtividade passou de 50 para 100 toneladas por hectare e a indústria registrou um incremento de 40%.
A introdução de novas mudas promete números satisfatórios de produtividade, geração de emprego e renda. Hoje, Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde somam 925 hectares de canaviais. O presidente do IPA, Julio Zoé de Brito, diz que a iniciativa do plantio de novas mudas reflete mais fortemente no desenvolvimento dos agricultores que possuem até dois hectares plantados. Como exemplo, há o Engenho Buenos Aires, situado em Santa Cruz. O empreendimento gera 32 empregos diretos e fatura cerca de R$ 30 mil por ano com a produção exclusivamente artesanal de rapadura e mel. Para o proprietário, Valdemir José Adriano de Lima, as variações da cana são fundamentais para otimizar a produção. Os produtos feitos no engenho Buenos Aires são vendidos em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia e Maranhão. A média de preço estabelecida pelos engenhos é de R$ 0,90 pelo tablete de 500g de rapadura.
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