terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nosso Rio Pajeú

Fazer conhecida a atual situação de degradação do rio Pajeú, as causas que o degradaram, os principais usos econômicos e os efeitos mitigadores que possam recuperá-lo e preservá-lo como também mostrar a sua potencialidade hídrica podendo é de fundamental importancia para sua revitalização, perenização e até mesmo geração de emprego e renda desde que usado de forma racional.

image002Devido à situação atual de degradação em que se encontra o rio Pajéu elaborei um levantamento preliminar, um diagnóstico analítico pois constatei não haver nenhum dado concreto sobre o mesmo. Verifiquei também que o rio Pajéu é cantado apenas em prosas e versos, a demanda por informações, voltadas a um público misto, preocupado com a temática é inesistente.

 

 

Foto do Rio Pajeú em Serra Talhada  Fonte: Site www.raimundopajeu.com.br

Neste “projeto” observei vários arranjos e metas que colocadas em práticas iria de fato ter um diagnóstico que apresente as causas que o degradam e os efeitos mitigadores para a sua revitalização.

Um problema a ser enfrentado.

As questões relativas ao Pajeú vêm sendo consideradas cada vez mais urgente e importante para as comunidades inseridas em sua bacia hidrográfica, pois o futuro destas comunidades depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso dos recursos naturais disponíveis na bacia.

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Empreendimento Irregular no Rio Pajeú – Serra Talhada

Esta matéria servirá para alertar a sociedade e autoridades que o rio Pajeú está muito ferido, gravemente ferido e pedindo socorro.

O Rio Pajeú é o maior afluente do São Francisco no Estado de Pernambuco, na divisão do submédio São Francisco. Orientado no sentido LE para WO, o rio estende-se do Paralelo Norte-Sul onde nasce no município de Brejinho-PE até a sua confluência com o Rio São Francisco.

A Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú está localizada na região meso do Pajeú (semi-árida) no Estado de Pernambuco e pertence inteiramente ao território pernambucano.

Os municípios inseridos na bacia do Rio Pajeú tem uma importância econômica (16% do PIB do Estado) e social por sua localização estratégica.

Ver mapa:

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No total são 28 municípios inseridos dentro de sua bacia, sendo 22 deles possuírem suas sedes dentro do seu território.

      A população total dentro da bacia e de aproximadamente 450.000 mil habitantes, incluindo zona urbana e rural.

NASCENTE: Serra do Balanço – município de Brejinho - Divisa dos estados de PE/PB.

FOZ: Lago formado pela Barragem de Itaparica no Rio São Francisco.

AREA DE DRENAGEM: 16.838,74 km² que corresponde a 17,02% de área do estado.

COMPRIMENTO: 347 km

LARGURA MEDIA: 63, 4m

TRIBUTARIOS: 19

PRINCIPAIS AFLUENTES/TRIBUTÁRIOS

Margem Direita:

- Riacho Cachoeirinha;

- Riacho Tigre;

- Riacho Conceição;

- Riacho Pajeú-Mirim;

- Riacho São João;

- Riacho Boa Vista (município de Brejinho);

- Riacho Abóbora (município de Serra Talhada);

- Riacho Cachoeira (município de Serra Talhada);

- Riacho Lagoinha (município de Serra Talhada);

- Riacho São Cristóvão (município de São Jose do Belmonte, 3º maior tributário);

- Riacho Pedra Branca (município de Mirandiba);

- Riacho Queimada Redonda (município de Mirandiba);

- Riacho Capim Grosso (município de Carnaubeira da Penha).

Margem Esquerda:

- Riacho Cedro;

- Riacho Quixaba;

- Riacho Taperim;

- Riacho São Domingos (município de Serra Talhada, 2º maior afluente);

- Riacho Poço do Negro (município de Floresta);

- Riacho do Navio (município de Betânia, maior afluente com uma extensão de 132,24 km).

Divisão fisiográfica: Alto, Médio e Baixo

Alto Pajeú:

1. Brejinho;

2. Itapetim;

3. São José do Egito;

4. Tuparetama;

5. Santa Terezinha;

6. Iguaraci;

7. Ingazeira;

8. Tabira;

9. Solidão.

Médio Pajeú:

1. Afogados da Ingazeira;

2. Quixaba;

3. Carnaíba;

4. Flores;

5. Calumbi;

6. Triunfo;

7. Santa Cruz da Baixa Verde.

Baixo Pajeú:

1. Serra Talhada;

2. São José do Belmonte;

3. Mirandiba;

4. Carnaubeira da Penha;

5. Floresta.

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     Leito do Rio Pajéú em Serra Talhada

Historiografia: O Rio Pajeú tem sido assunto abordado por vários setores dos governos municipais, estadual e até federal, como exemplificamos a seguir:

a) Os governos municipais, apesar de serem um dos maiores degradadores do Rio Pajeú, em alguns casos têm sido preocupação por parte daqueles que de uma forma ou de outra vêem no mesmo uma saída para o desenvolvimento local e regional. Prefeituras como de Carnaiba que realizou um trabalho de tratamento de esgoto antes de despejar todos os efluentes, principalmente os esgotos sanitários a céu aberto no seu leito e Afogados da Ingazeira que pretende ter sua cidade 100% saneada com recursos da revitalização da Bacia Hidrografica do rio São Francisco;

b) As entidades como a Diaconia, CENTRASS, Casa da Mulher, Grupo Mulher Maravilha, entre outras têm levado conhecimento a população e as autoridades locais da importância do Rio Pajeú para os seus municípios e para o desenvolvimento local sustentável;

c) O governo do estado de Pernambuco também tem lançado propostas e até projetos para sensibilizar autoridades e a sociedade civil organizada para a questão do Rio Pajeú como é o caso do comitê de sua bacia hidrográfica recentemente reativado e o fortalecimento dos conselhos de usuários das barragens de Brotas em Afogados da Ingazeira, Jazigo e Cachoeira II em Serra Talhada e Rosário em Iguaraci;

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       Degradação do Leito do Rio Pajeú – Serra Talhada

A caracterização do problema dar-se pela atual situação das nascentes do Rio Pajeú, bem como das suas matas ciliares as quais encontram-se agonizando pela devastação humana bem como da situação climática da região. A seca a qual castigou a região semi-árida, em especial o nordeste brasileiro nas últimas décadas, incluindo o descaso das autoridades em não coibir o abuso da exploração das matas ciliares que margeiam o rio, e das suas nascentes contribui-se bastante para que a situação se agravasse mais ainda. O trecho compreendido desde a sua nascente (na Serra do Balanço, divisa com o estado da Paraíba) até a sua foz no lago formado pela barragem de Itaparica no Rio São Francisco, vem sofrendo severas degradações ambientais, não só com a derrubada das matas ciliares, mas também com os esgotos sanitários despejados no rio pelas nove (09) cidades ribeirinhas banhadas pelo mesmo é alarmante, além de resíduos sólidos, inclui-se também os dejetos dos matadouros públicos e de algumas pequenas indústrias, obstrução do seu leito por cercas de arame farpado construídas por proprietários bem como o crescimento assustador de plantas exóticas como é o caso da algaroba que além de obstruir o seu leito provoca assoreamento quando caem, provocando várias crateras nas suas margens jogando o solo rio adentro.

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Lançamento de Esgotos Urbanos – Afogados da Ingazeira

Uma emergente necessidade para reverter a degradação de áreas já com um elevado grau ou em processo de ameaças de degradação faz com que alvitremos em buscar soluções, mesmo que venham a ter um processo demorado, mas que em pouco tempo possamos apresentar propostas concretas para revitalização e preservação do Rio Pajeú e seus corpos d´água. Eis ai alguns pontos a considerar: 1 – O elevado grau de desmatamento das matas ciliares, que representa um dano muito significativo para o assoreamento do leito do rio; 2 – O surgimento monstruoso de plantas invasoras como a ALGAROBA no seu leito e nas margens, que nascem sem controle, causando danos as suas encostas; 3 – A construção de cercas de arame no meio do rio, e que vem causando problemas, obstruindo o seu leito onde surgem os chamados igapés o que obstruem a passagem das águas formando represas e o que poderia ser benéfico para que a água seguisse seu curso normal tem sido danoso, em especial para os poucos peixes ainda existentes; - 4 – A retirada desordenada de areia do leito do rio e das suas margens para ser utilizada na construção civil; 5 – A falta de conscientização de preservação das nascentes por proprietários e autoridades constituídas do Poder Público; 6 – O não tratamento dos efluentes oriundos de esgotos sanitários e resíduos sólidos despejados no seu leito pelas cidades ribeirinhas, causando a maior degradação ambiental entre todas elas, inclusive ao ser humano, mas principalmente ao meio ambiente.

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   Margem do Rio Pajeú – Serra Talhada
     Cercas no Leito do Rio Pajeú – Floresta

Para efeito de implementação algumas ações que deveria ser implementada para mitigação. A primeira ação estará relacionada com a divulgação de órgãos ou entidades governamentais e não-governamentais, nacionais ou internacionais utilizando-se para isto a estrutura de comunicação existente nos municípios inseridos, como rádios e jornais, dando ênfase aos objetivos propostos por elas de forma que toda a população possa ter as informações desses projetos.

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   Assoreamento do Rio Pajeú – Serra Talhada

A segunda seria Levantar dados sobre a atual situação da calha do Rio Pajeú, desde a sua NASCENTE até a sua FOZ. Quais as principais causas de degradação das matas ciliares?, quais os tipos de projetos implantados?; usos econômicos predominantes; problemas de recursos hídricos que se apresentam; principais potenciais (naturais, projetos desenvolvidos, nível de organização); principais desafios; como está sendo feito o tratamento de esgotos sanitários e resíduos sólidos; quais os conflitos existentes na calha; suas relações atuais pós barragens e seus corpos d água; o assoreamento e a erosão; matas ciliares e outras causas.

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Lançamento de entulhos - Rio Pajeú – Serra Talhada

Após este levantamento e dos objetivos propostos em parcerias com diversos órgãos e instituições públicas e privadas, seja elas de âmbito nacional ou internacional, implantar programas de sustentabilidade, revitalizar e preservar o Rio Pajeú e seus afluentes, bem como aproveitamento de águas acumuladas em barragens e açudes existentes para pequenas irrigações, em especial a agricultura familiar a qual esta em decadência e piscicultura em tanques-rede como sendo uma das principais fontes de economia no Brasil. E também prioridade do Projeto a implantação de tecnologias alternativas de manuseio sustentável, com praticas de substituição do uso de agrotóxicos, pela produção orgânica.

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