sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Yane Marques faz cidadezinha do sertão virar fã de pentatlo moderno

Pernambucana vai buscar o bicampeonato pan-americano da modalidade em Guadalajara
Carolina Canossa, do R7

Yane MarquesAgif/Gazeta Press

Yane Marques se tornou ícone e fez com que sua cidadezinha adotasse a modalidade

Afogados da Ingazeira é uma cidadezinha do sertão pernambucano com pouco mais de 35 mil habitantes. Localizada a 385 quilômetros do Recife, tinha o futebol como grande paixão até pouco tempo atrás. Ultimamente, porém, o esporte bretão precisa concorrer com uma modalidade pouco conhecida no Brasil: o pentatlo moderno.
A "culpa" é de uma filha ilustre do município: Yane Marques. Aos 27 anos, a atleta se prepara para conquistar o bicampeonato pan-americano em Guadalajara. Um dos ouros brasileiros mais surpreendentes no Rio-2007, ela agora chega para a disputa com credenciais muito mais fortes: atual quinta colocada no ranking mundial (chegou a ser terceira este ano), ela foi à final da Copa do Mundo em quarto lugar (terminou em 16º) e ficou em sétimo no Campeonato Mundial.
- O pessoal é bem ligado lá. Acho que um dos lugares que o pessoal mais conhece pentatlo é Afogados. Eles sabem as provas, todo mundo acompanha muito... de vez em quando alguém chega com um jornal: "Olhe, saiu sua neta!" E ela: "Me dê, que eu mando para ela!" (risos). Eles torcem muito por mim, estão sempre perguntando. É uma torcida muito válida e a gente sabe que é de coração.
Yane saiu de Afogados aos 11 anos de idade, pois sua irmã precisava prestar vestibular no Recife. Na capital pernambucana, ela começou a praticar natação "só para se divertir". Aos poucos, a brincadeira foi ficando séria: especialista em nado peito, ela foi campeã brasileira no revezamento 4 x 50 m medley e 4 x 100 m medley.
A brasileira ainda não sabia se queria seguir carreira no esporte até que ganhou uma forcinha de um membro do Exército, onde o esporte tem suas origens. Transferido para Pernambuco, o Major Alexandre França fundou uma federação local da modalidade e passou a garimpar talentos. Chegou a Yane, já com 19 anos, que de início estranhou.
- Eu tinha zero noção do que era pentatlo, não sabia nem do que se tratava. O pessoal comentou que era uma modalidade desconhecida e muito puxada, precisa treinar de manhã, à tarde e à noite. Aí eu gostei, dei continuidade e não parei mais.
O esforço citado por Yane é plenamente justificável. Em um só dia, os atletas devem disputar, nesta ordem: esgrima espada no sistema todos contra todos; 200 m livre na natação, concurso de saltos no hipismo com um cavalo sorteado 20 minutos antes da prova, e evento combinado e tiro e corrida (a cada cinco tiros certos, um percurso de 1 km). Quem tiver mais pontos na soma geral, ganha.
- Em todas esses esportes têm uma dificuldadezinha. Quando comecei um nadava muito bem, mas chegava nas outras provas não ia bem e não tinha tempo de treino. Mas aos pouquinhos eu fui melhorando muito e hoje sou razoável em tudo. Essa é a ideia.
Na história do Pan, o Brasil tem outros dois ouros no pentatlo, mas todos muito antigos: Eric Tinoco Marques em Buenos Aires-1951 e Wenceslau Malta em Chicago-1959. Os Jogos Pan-Americanos são especialmente importantes para a modalidade porque classificam os dois melhores atletas masculinos e os dois melhores femininos para a Olimpíada de Londres, no ano que vem.
A Record transmitirá os Jogos Olímpicos de Londres-2012 com exclusividade na TV aberta brasileira, e também pela internet. A emissora também detém os direitos de transmissão dos Jogos Pan-Americanos de 2011 (Guadalajara) e 2015 (Toronto), e da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.

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