terça-feira, 26 de julho de 2011

Extração ilegal de madeira gera emprego em povoado de Sertânia diz Globo Rural

 domingo, 17 de julho de 2011
Espécies protegidas por lei são extraídas para produzir carvão
Em Caroalina, comunidade rural que pertence ao município de Sertânia, no sertão dePernambuco, a paisagem é de fumaça na beira da estrada, lenha, carvão e o som da motosserra.
Duzentas e cinquenta famílias vivem na localidade, e 190 recebem algum auxílio do governo. O povoado tem uma escola, algum comércio e um posto de saúde em estado muito precário. Não há remédio e nem médico.
A água que sai das torneiras das casas, quando sai, é de péssima qualidade, muito salobra, salgada. As pessoas têm que buscar latões de água potável do dessalinizador do povoado, um equipamento que tira o sal da água. Há um limite para pegá-la: cada família pode retirar duas latas, dia sim, dia não.
É a abertura de cacimbas, pequenas escavações no leito do rio Moxotó, que garante água em tempo de estiagem, e não só para lavar roupa, mas também para cozinhar e tomar banho. Sem mata ciliar, o Moxotó está assoreado e cheira mal. Parte do seu leito virou lixão, contaminando a água.
Até a década de 1940, quase todo mundo em Caroalina vivia do caroá, daí o nome do povoado. O caroá é da família das bromélias. A planta terrestre costuma aparecer em regiões de caatinga mais fechada. Gera uma fibra boa e resistente, que, no passado, já sustentou cidades inteiras.

Caroalina dependia de uma fábrica de cordas de fibra de caroá que hoje virou curral. A unidade empregava muita gente no corte e beneficiamento da planta. Valdemar Freire de Lima era arrancador. Trabalhou com caroá dos oito aos 38 anos, e conta que as fábricas da região começaram a fechar depois da chegada das fibras sintéticas, que são muito mais baratas.
Depois da decadência do caroá, quase todo mundo teve que migrar para a produção de carvão, que ainda hoje é a principal atividade econômica do povoado. Tentando viver do caroá, só mesmo a filha de Valdemar, Josefa Freire de Lima, e outras duas amigas, Irani Cadete da Silva e Ana Cristina Silva.
Juntas, elas mantêm uma associação de mulheres que produz artesanato com a fibra da planta, como bolsas, biojóias e cadernetas. Os produtos já rodaram feiras e exposições Brasil afora, mas nunca deram muito dinheiro. “Na verdade, eu vivo da desmatação, a produção que o meu marido tem é de desmatação. Ele não faz o carvão, só corta a madeira”, afirma Josefa.
Além do marido, três dos quatro filhos de Irani também já vivem do corte da madeira. Em casa, estudando, tem apenas o caçula, Lucas, de 12 anos. Para fugir dessa vida, muitos jovens têm deixado o povoado. Foi o que aconteceu na família de Josefa. Suas quatro filhas foram embora para tentar a sorte na cidade grande. Com ela, ficou só o marido e o neto Fernandinho, que cria desde pequeno.



A ausência de alternativas de renda empurra as pessoas para a produção de lenha e carvão, muitas vezes ilegal. “Eu acho que, da parte legal, é menos da metade, principalmente quando se usa madeira nossa, da nossa caatinga, da nossa vegetação”. A estimativa alarmante é do secretário de agricultura e meio ambiente de Sertânia, Antônio Monteiro de Almeida.
A matéria completa você confere no site do site Portal Globo.com

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